sábado, 25 de maio de 2013

Estudantes tiveram que simular sexo oral em trote da UFRJ



Centro Acadêmico diz que não organizou as atividades.                                                                                                          Reitoria condena as práticas divulgadas nas imagens e diz que se orienta por portaria que proíbe o trote
 Veteranos observam calouras simulando sexo durante trote do ano passado Foto: Arquivo pessoal
Veteranos observam calouras simulando sexo durante trote do ano passado Foto: Arquivo pessoal

Veteranos observam calouras simulando sexo durante trote do ano passado Arquivo pessoal.

RIO - Estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro procuraram o GLOBO nesta sexta-feira (19) para mostrar fotos onde calouras tiveram que simular sexo oral com camisinhas cheias de leite condensado durante um trote do curso no ano passado. Ontem, outros alunos revelaram que, na edição deste ano, a mistura utilizada em uma piscina do trote continha urina e peixes mortos. Novamente, por questões de segurança, os alunos não quiseram divulgar seus nomes com medo das reações do grupo de veteranos chamado “Esquadrão de bombas da UFRJ”.

— Todo mundo fala que é obrigado a participar do trote. Você é novo, sabe que não é obrigatório, mas fica com medo de ser rejeitado e marcado para o resto da faculdade — contou um dos estudantes.

Também no ano passado, um aluno foi imobilizado em uma cadeira, usando fita adesiva, e depois o grupo do “Esquadrão de Bombas da UFRJ” virou uma lixeira sobre a cabeça dele. Os estudantes garantem que tudo ocorreu em frente à prefeitura universitária da UFRJ. Após ser informada pelo GLOBO sobre os fatos, a direção da Faculdade de Medicina emitiu uma nota de repúdio e informou que abriu uma investigação para apurar o ocorrido. O reitor, Carlos Levi, também considerou repugnante a denúncia.

“Esse tipo de postura não pode ser tolerado. Estamos em uma das mais importantes universidades do país, que tem a responsabilidade de se fazer reconhecida é pela excelência de seus profissionais. Em pleno século XXI, chega a ser repugnante tomar conhecimento de práticas que reforçam atitudes preconceituosas, sexistas e tentativas ridículas de demonstração de autoridade sobre calouros, por colegas que deveriam, ao contrário, dar exemplos de civilidade e cidadania. A UFRJ, há mais de dez anos, se orienta por Portaria específica que proíbe o trote e prevê graves sanções disciplinares aos responsáveis por esse tipo de prática”, informou por meio de nota.

Trote proibido

Apesar de o trote ser proibido no Estado do Rio, estudantes de universidades públicas e particulares não apenas ignoram a legislação, como contratam uma empresa para ajudar na organização pagando valores a partir de R$ 3 mil. Fotos postadas no Facebook da TGF Eventos mostraram calouros carregando placas com identificações depreciativas, como “viadinho tatuado”, “chifruda” e “filha do demo” no trote de 2013. Além disso, os veteranos cobraram R$ 450 reais dos calouros durante o trote.

A TGF Eventos informa que as brincadeiras ficam totalmente a cargo dos alunos, enquanto a agência é responsável pelo fornecimento de material como camisetas, canecas e o contato com possíveis patrocinadores. No trote do curso de Medicina, diversas imagens publicadas no Facebook carregam a marca da cervejaria Skol.

A assessoria da cervejaria comunicou que a empresa patrocina alguns eventos organizados pela TGF Eventos, mas não participa diretamente da organização, produção ou execução dessas ações. “A marca repudia veementemente qualquer situação vexatória ou discriminatória envolvendo qualquer pessoa”, informou a nota.

O Centro Acadêmico Carlos Chagas informou por meio de nota que não é responsável pela organização do trote e que a Comissão de Recepção esclareceu as brincadeiras aos calouros. Além disso, o Centro Acadêmico negou tanto a utilização de urina durante as atividades quanto a imposição das práticas aos alunos.

Calouros dizem que não foram obrigados a participar

Ontem, cinco calouros disseram ter participado livremente do trote. Pablo Plubins, de 20 anos, afirmou que não houve violência e que ele não se sentiu constrangido.

— Tem umas coisas das plaquinhas que podem ser pesadas, mas vi pessoas tranquilas em relação a isso. Eu participei rindo das brincadeiras, ninguém me machucou — afirmou Plubins.

Sobre a urina na piscina, ele disse não se importar.

— Não sei o que tinha na piscina e não me interessa saber. Eu sei que podia ter qualquer coisa lá e entrei sabendo disso — afirmou o estudante. Ele disse ainda que foram recolhidos alimentos e brinquedos para uma doação ao hospital durante as atividades do trote.

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