PF identifica empresa de telemarketing do Rio que espalhou boatos do Bolsa Família
- Descoberta reforça a tese de que a ação tenha sido organizadae suspensão do Bolsa Família provocou uma corrida às agências da Caixa Econômica Federal em pelo menos 12 estados do país Fabio Rossi / Agência O Globo
BRASÍLIA - Em menos de uma semana de investigação, a Polícia
Federal descobriu indícios de que uma central de telemarketing com sede
no Rio de Janeiro foi usada para difundir o boato de que o Bolsa
Família, o principal programa social do governo federal, iria acabar.
Mensagem de voz distribuída pela central anuncia o fim do programa,
conforme dados do inquérito aberto no início da semana a partir de uma
determinação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A descoberta
reforça a tese de que a ação tenha sido organizada.
A polícia tentará agora descobrir quem contratou os serviços de
telemarketing e se, de fato, existe algum grupo com interesse
político-eleitoral por trás da tentativa de se assustar os beneficiários
do Bolsa Família. A polícia decidiu também interrogar, a partir da
próxima semana, as 200 primeiras pessoas a fazer saques logo após o
início da disseminação dos boatos sobre o fim dos programas. A polícia
quer saber como cada um deles foi informado sobre o fim do programa.
— Está comprovado o uso do telemarketing — disse ao GLOBO uma fonte que está acompanhando de perto as investigações.
Os boatos sobre o falso fim do programa começaram a ser difundidos no
sábado passado e provocaram uma corrida em massa à agências da Caixa
Econômica Federal, pagadora do benefício. Os primeiros saques foram
feitos no Maranhão, Pará e Ceará por volta de 11h do sábado passado, 30
minutos depois do registro de uma das ligações da central de
telemarketing sobre o falso fim do programa. No dia seguinte, os terminais da Caixa registravam 900 mil saques no valor total de R$ 152 milhões.
A presidente Dilma Rousseff classificou a ação de criminosa.
Cardozo disse que a hipótese mais provável é que se tratava de uma
manobra orquestrada. A ministra da Secretaria Nacional de Direitos
Humanos,Maria do Rosário, chegou a insinuar, no twitter que os boatos teriam partido da oposição.
Líderes da oposição reagiram e passaram a levantar suspeitas sobre
setores do governo que, no fim das contas, acabariam obtendo dividendos
políticos com o caso.
Os investigadores do caso tentam se manter longe dos embates
políticos, mas não descartam que o episódio tenha alguma conotação
eleitoral. O Bolsa Família tem sido motivo de debate nas principais
eleições nos últimos anos. A partir do aprofundamento sobre o uso do
telemarketing e de declarações dos beneficiários, a polícia entende que
poderá esclarecer o caso.
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